A peculiaridade do falar caiçara não está só assentada na originalidade dos seus termos, mas, sobretudo, no gestual, na entonação da voz que acompanha o seu falar, na sua postura, nas nuanças do olhar. O caiçara não apenas fala, ele fala e, ao mesmo tempo, representa. O seu falar obedece a um ritual elaborado e desempenhado nos mínimos detalhes. As palavras, quase sempre, são proferidas, ora escandindo na primeira sílaba, ora escandindo na última, produzindo variações sui generis na entonação da fala. O falar do caiçara é um falar cantado, melódico e harmonioso, em sintonia com a natureza, fazendo contraponto com o marulho das ondas e a musicalidade do sussurro da brisa, numa suave canção de ninar...