Pedro Nava é um caso excepcional na Literatura Brasileira, pois só aos 65 anos de idade deu início à publicação de suas Memórias, escrevendo seis volumes, que logo se tornaram clássicos do gênero. Tendo participado do modernismo mineiro nos anos 1920/30, havia publicado uns poucos poemas, mas manteve contato intenso com escritores amigos e uma leitura cuidadosa dos grandes textos antigos e modernos.Assim, suas Memórias vêm sendo estudadas sob variados ângulos literários e humanos, de implicações profundas na cultura letrada moderna do país e também no perfil que oferecem da nossa vida social, de práticas, problemas e impasses que percorrem o Brasil no século XX e permanecem vivos.A visão de mundo, a concepção da arte e seu papel social, o sofrimento humano, o destino das pessoas queridas, a efemeridade das coisas e dos seres, o passado perdido e reconstruído, o que aí condenamos ou sublimamos, a busca do enigma e do sentido da vida. Enfim, um mundo complexo e fascinante, que propicia ao leitor seu crescimento humano e afetivo, na observação e convivência com Nava e Proust. Eis o que este livro extraordinário proporciona. Os muitos exemplos colhidos em excelentes crônicas fazem deste livro uma leitura agradável, sempre desconfiando que, também assim e mesmo assim, o cronista, através da fraude e da gaforinha mal penteada, continua a caçoar de nós até agora.