Qual o lugar das experiências, dos sentimentos e dos relatos no diagnóstico de injustiças? Sempre sentimos quando estamos diante de situações injustas? De onde fala o teórico ou a teórica na sua intenção de descrever experiências de sofrimento? Afinal, como podemos compartilhar experiências de injustiça?

Em uma interlocução com filósofos modernos como Rousseau e Hegel, passando pelo que chama de promessa liberal e pela tradição da teoria crítica, até chegar a autores e autoras ligadas a teorias descoloniais, Filipe Campello defende que as formas de que dispomos para sentir e narrar nossas experiências dependem de um vocabulário que nos antecede enquanto sujeitos e, portanto, não devem ser vistas nos termos de uma propriedade individual. Ao voltar o foco ao horizonte compartilhado que atravessa nossos afetos, podemos explicitar quais experiências podem efetivamente ser vividas e narradas.