Aqueles que, como eu, tiveram o destino de não amar segundo as normas acabam superestimando a questão do amor. Uma pessoa normal pode resignar-se que palavra terrível com a castidade, com as ocasiões perdidas, mas, comigo, a dificuldade de amar transformou a necessidade de amar em uma obsessão. A vida de Pier Paolo Pasolini (1922-1975), um dos principais cineastas italianos de todos os tempos, poeta, dramaturgo, teórico da arte e da literatura, desenvolveu-se como um drama trágico. Homossexual assumido, artista polêmico, pagou caro por sua coragem: escândalos, processos e, por último, numa noite de novembro há mais de quarenta anos, foi vítima de um assassinato brutal e misterioso, em uma praia da cidadezinha italiana de Óstia.