- "Vai à capital? Perguntou. - Vou sim. - Também eu e muito contente pela boa companhia. Assim tenho com quem conversar... vou apreciando a prosa do colega. Grande porcaria a tal Capital... uma verdadeira bandalheirópolis!" Dessa maneira o escritor Avelino Fóscolo deixa-nos as impressões de alguns de seus personagens em relação à edificação da cidade de Belo Horizonte em fins do século XIX. As tensões vivenciadas pelos diferentes sujeitos envolvidos na construção da nova capital revela-nos que nos pressupostos dos projetos urbanos elaborados nessa época, nos contextos nacional e mundial, estiveram também embutidas as premissas de formação e educação dos cidadãos para a modernidade urbana e cultural. Este trabalho problematiza tal movimento com base em dois eixos: o primeiro analisa, na perspectiva conceitual e no processo de concretização de novas relações sociais e culturais, os projetos elaborados para a produção das relações da cidadania, cidade e educação. O segundo eixo discute as formas pelas quais as premissas elaboradas pelas elites proprietárias se conflituam com a interferência de sujeitos concretos se fazendo e se formando em diferentes práticas sociais e materiais. Os conflitos instalados indicam para os limites políticos das propostas de reformas urbanas e pedagógicas presentes nas perspectivas homogeneizadoras de constituição dos sujeitos sociais.