Algo se arruína atrás de mim: estou livre. Uma selvageria irrompe discreta, crescendo quente, um bicho me mostra os dentes, até se roçar físico em meus olhos de leitora. Penso que bruxas nunca foram mortas. Penso nos pulmões das baleias. Natália nos faz enfiar a mão no fundo da terra e puxar raízes soltas. De onde vêm as águas que vertem entre rochas e rasgos, que nos fazem espremer panos, contendo o excesso com as mãos? De que valem, afinal, as raízes quando soltas? Não espere encontrar respostas nessas páginas de vento: não espere nada. Natália nos espelha nos rompimentos que são também fertilidade, mas não há resposta fácil. Tudo o que quebra se expande, mas tudo o que quebra, não se engane, quebra também. Todos os dias os planetas giram em coincidência, arrepio, deja-vù, lembrança susto espasmo, frenesi. Todos os dias giramos junto, conectadas. Eu pedi pelos tigres não reduz o simbólico a explicações retilíneas, mas nos convida: podemos, sim, ser artérias em risco, (...)