O livro Amor entre as grades: relacionamentos afetivo-sexuais de mulheres privadas de liberdade lança um olhar acerca dos relacionamentos íntimos vivenciados por mulheres em presídios mistos. A obra apresenta seis estudos de caso, analisados qualitativamente a partir da compreensão dos dispositivos sociais produtores de desigualdade, da perspectiva de gênero e da Teoria do Apego, de John Bowlby. Os relacionamentos afetivo-sexuais das entrevistadas foram abarcados a partir das vivências da infância, marcada por violências múltiplas, rompimentos de vínculos afetivos e desejo de constituição de uma família tradicional e idealizada. A autora revela como essa aspiração é frustrada consecutivamente na vida adulta das participantes, que acabam por ter relacionamentos hierárquicos e caracterizados pela repetição intergeracional de padrões relacionais. Na prisão, elas enfrentam o abandono, as limitações para o contato, a ressignificação e, em alguns casos, o fortalecimento de relacionamentos amorosos. Em todos os casos, sonham em serem saciadas daquilo que têm mais fome: o amor. Por seu conteúdo marcante, a leitura torna-se instigante para todos aqueles que se interessam pelas nuances que atravessam o tema do aprisionamento e evidencia a necessidade de questionamento das normativas de gênero e da atual política de encarceramento brasileira, reflexo dos processos de segregação presentes na sociedade.