Esta edição especial da Rocco, destinada a se tornar fonte de referência, oferece uma rara oportunidade. Ao reunir pela primeira vez em um mesmo volume os datiloscritos de Objeto Gritante e a versão final de Água Viva, o leitor terá a possibilidade de quase meter-se dentro da cabeça de Clarice Lispector e avaliar como lidava a grande escritora na hora de suprimir, modificar e tornar definitiva uma obra em processo. Trabalho de gênio. E aqui uma palavra tão gasta pelo uso exagerado gênio cabe à perfeição. Considerado o livro mais misterioso e autobiográfico de Clarice, Água Viva saiu do prelo em 1973. Mas somente na década de 1980, após a morte da autora, veio a público o fato de a obra ter sido intitulada, originalmente, Objeto Gritante. A descoberta se deu graças à tarefa de pesquisadores mergulhados no Arquivo Clarice Lispector da Fundação Casa de Rui Barbosa, que guarda manuscritos, datiloscritos, documentos diversos e fotografias da escritora. É com uma alegria tão profunda. É uma tal aleluia. Aleluia, grito eu, aleluia que se funde com o mais escuro uivo humano de dor e separação mas é grito de felicidade diabólica. Porque ninguém me prende mais. Quem lê as primeiras frases do romance (ou da novela, dada sua extensão), frases cheias de entusiasmo, não imagina o quanto custou a Clarice sua escrita. Enquanto trabalhava no que seria Água Viva, ela confessou aos amigos e até ao cabeleireiro segundo relata Benjamin Moser em Clarice: Uma Biografia que não sabia mais escrever. Em carta para a amiga Olga Borelli, admitiu: Tenho, Olga, de arranjar outra forma de escrever. Bem perto da verdade (qual?), mas não pessoal.Considerado o livro mais misterioso e autobiográfico de Clarice, Água viva saiu do prelo em 1973. Mas somente na década de 1980, após a morte da autora, veio a público o fato de a obra ter sido intitulada, originalmente, Objeto gritante. A descoberta se deu graças à tarefa de pesquisadores mergulhados no Arquivo Clarice Lispector da Fundação Casa de Rui Barbosa, que guarda manuscritos, datiloscritos, documentos diversos e fotografias da escritora. Com este pequeno grande livro, Clarice Lispector conseguiu a façanha de descobrir um jeito transformador de escrever sobre si mesma. Um triunfo tão desconcertante que despertou assombro semelhante ao que a jovem autora provocara com sua estreia na ficção, o romance Perto do coração selvagem, de 1943. Um livro refundador. Da literatura e da própria Clarice. Considerado o livro mais misterioso e autobiográfico de Clarice, Água viva saiu do prelo em 1973. Mas somente na década de 1980, após a morte da autora, veio a público o fato de a obra ter sido intitulada, originalmente, Objeto gritante. A descoberta se deu graças à tarefa de pesquisadores mergulhados no Arquivo Clarice Lispector da Fundação Casa de Rui Barbosa, que guarda manuscritos, datiloscritos, documentos diversos e fotografias da escritora. Com este pequeno grande livro, Clarice Lispector conseguiu a façanha de descobrir um jeito transformador de escrever sobre si mesma. Um triunfo tão desconcertante que despertou assombro semelhante ao que a jovem autora provocara com sua estreia na ficção, o romance Perto do coração selvagem, de 1943. Um livro refundador. Da literatura e da própria Clarice.