O clamor público por punição amplia o pedido por leis cada vez mais fortes e presentes no cotidiano. É como se a punição se transformasse na solução de todos os problemas da sociedade. Desse modo, movimentos de lei e ordem ganham, cada dia, mais força. O conceito de criminalização da pobreza visa, por meio da punição, dar conta do excedente da miséria não administrável pelas chamadas políticas públicas. Ou seja, no contemporâneo, emerge uma forma de gestão punitiva da miséria social. Nessa sociedade penal, que demanda controle, o investimento na segurança é o paradigma central da governamentalidade e dá sustentabilidade ao sistema do capital. À prefaciadora cabe apenas instigar o leitor com esses breves comentários sobre o texto que vem a seguir. É a sua cadência que trará os mais finos detalhes da vontade de punição sem fim de uma sociedade que se sente no direito de qualificar como descartável a juventude pobre brasileira. Assim é que, com insistência, lanço o convite à leitura da inventiva narrativa deste livro.