Com os versos e as palavras em medidas próprias, como em sou dos caetés, ou em minha língua/brotando raios da/silibrina; pa/dres cíceros e/cangaços, ou ainda em calangos e mandacarus, e até em tenho que acreditar que ainda sou a pronúncia de meu nome, é sob o signo da palavra poética que este Poeta se escreve e se apresenta ao leitor. Assim, numa premeditada construção textual, Thiago Medeiros promove revelação imagética de um mundo em aguda transição e dá o testemunho de seu tempo. Na poesia, tecida com interstícios vernaculares, com entreatos delineados nos versos e com a intermitência do fôlego que resvala na voz, em tudo se revela a dúvida que paira sobre o Ser; sobre a angústia do lugar e do tempo dos entes e das coisas na esfera do real imediato: De tudo se extrai o espasmo na digestão das cenas que se entrecortam no aluir do efêmero. Neste livro, o poeta se coloca diante do abismo: recorrer à linguagem para traduzir a crueza e o absurdo do real. Resistir ao abismo é o que (...)