O rock neofascista é um gênero musical que reproduz ideários extremistas com o objetivo de difundi-los, usá-los como instrumento de aproximação política direcionada aos jovens dos países ocidentais e imaginar sociedades a serem estabelecidas por meio da eliminação de todos os antípodas de seus adeptos, de todos os indivíduos que não se encaixam em seu ideal de sociedade. Seu potencial político reside nos conteúdos de seus discursos, cujas construções restauram comportamentos políticos reacionários e apelam ao ódio e à violência como meios de sanar problemas sociais de forma arbitrária, em total consonância com os fascismos clássicos. O objetivo é tentar legitimar, no presente, as visões de mundo forjadas por Benito Mussolini e Adolf Hitler no passado. O processo de transposição de suas ideias no tempo provocou transformações, clivagens e especificidades também geradas pela sua edificação em diferentes espaços. Na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina e no Brasil, os sinais da presença dos neofascismos nos chamam a atenção não apenas para a brutalidade provocada por seus agentes condutores, mas pelas peculiaridades, semelhanças e diferenças de seus variados tipos, embora todos eles tenham um mesmo referencial histórico. A pesquisa da qual resulta esta obra busca examinar os registros feitos pelo rock neofascista sobre as aproximações e distanciamentos empreendidos em relação a este referencial pelos compositores de diferentes músicas, documentos históricos produzidos pelos próprios militantes neofascistas. A um só tempo, essa documentação nos fornece diversas etapas de transformação do pensamento fascista e dos esforços conjuntos para perpetuar um modelo político motorizado pela barbárie.