O cerrado amazônico apresenta processos de constituição histórica, social e cultural diversificados, ainda pouco exploradas, assim como formas de arte, de cultura, de religiosidade e de educação também não estudadas em profundidade. Foi com a intenção de ampliar conhecimentos sobre uma parte dessa região que reunimos aqui textos de pesquisadores que a estudam por meio de diferentes e múltiplas perspectivas. Nessa coletânea, os capítulos buscam apresentar as interferências sociais que reorganizaram a ocupação do cerrado, principalmente no norte goiano, atual estado do Tocantins. Com essa intenção, no conjunto dos capítulos analisa-se o processo de modernização da cidade de Porto Nacional no início do século XX; o envolvimento de juízes de direito com os proprietários de terras de municípios do Norte de Goiás, no final do século XIX; o imaginário sobre a paisagem tocantinense a partir do filme ¿Deus é brasileiro¿, ressignificando e atribuindo à cultura local novas e múltiplas simbologias; o contato da etnia Xerente com os não-indígenas, iniciado na época da mineração e aumentado com a expansão agropastoril nos séculos XIX e XX; a interferência religiosa protestante entre os indígenas Xerente a partir de uma perspectiva teórico-crítica, sinalizando para os conflitos que se instauraram entre os batistas, os católicos e os pesquisadores de instituições públicas, desde a década de 1930; o Centro Bom Jesus de Nazaré, mais conhecido com a Casa de Mãe Romana, com destaque para a ancestralidade africana dessa região, que é sistematicamente menosprezada por grande parte da população da cidade que se apresenta como majoritariamente católica; e finalmente, os percursos histórico de criação das escolas de instrução pública primária na província de Goiás, com um olhar direcionado, especialmente, para os lugares da escola no Estado imperial, no século XIX.