"Você sempre dizia que depois que se aposentasse escreveria um livro, mas a pressa da partida inviabilizou o projeto. Cientistas confirmam que trazemos no corpo átomos testemunhas do início do tempo, quando surgiu o universo. Quarenta milhões de gerações nos separam do início da vida, quando o mineral, sob específicas condições transformou-se em orgânico. Átomos cresceram, aumentando o peso do núcleo, moléculas se aglutinaram, células bipartiram-se e aqui estamos nós, feitos da mesma matéria-prima que originou o universo. Estruturas moleculares bem mais sofisticadas, formas muito mais complexas adaptaram-se para acolher a vida. Vida que é na verdade a substância do nosso nome, constituindo uma corrente que não tem fim e da qual somos apenas um dos seus infinitos elos. Que importância pode ter uma geração perante quarenta milhões delas? Pouco importa quem redigiu essas páginas se você ou eu."