A televisão, este complexo objeto de estudo, exige mais do que um fio explicativo, por um motivo simples; ela está na confluência de tensões entre o mercado e a cultura, entre o político e o econômico, entre o coletivo e o individual. Esse tensionamento alterou-se, nas últimas décadas, sobretudo a partir dos anos 1970, em termos qualitativos, o que diz respeito ao imbrincamento nacional-internacional, inclusive o fio entre a própria comunicação e as comunicações de massa. As palavras mundialização e globalização, chamadas a sintetizar mudanças e continuidades por que passa o mundo nas últimas décadas, reforçam ou atenuam perspectivas ideológicas que abarcam as comunicações e, em especial, a televisão. Só nos damos conta de que existem vieses nessas denominações no momento em que suas justificativas entram em colapso. Foi o que aconteceu recentemente. Em 'Comunicação & Televisão - Desafios da Pós-Globalização', Venício A. de Lima e Sérgio Capparelli examinam as características recentes do campo da mídia, nessa época que recebeu a rubrica de globalização, e tentam explicar de que maneira a justificativa política dessa globalização contradiz as tensões mundiais depois do ataque às torres gêmeas do World Trader Center, antigo símbolo do capitalismo internacional.