Na segunda metade do século XVIII, na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), um grupo conspirou para tornar a região independente de Portugal. Corriam o mundo idéias de revolução e liberdade, mas a metrópole intensificava o controle fiscal, à medida que as jazidas de ouro de Minas Gerais davam sinais de esgotamento. Em 1789 esse grupo foi delatado, a Coroa fez uma devassa, prendeu e julgou os revoltosos por crime de inconfidência. Eles foram condenados à morte, e Tiradentes - um dos líderes - foi enforcado e esquartejado. Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, é a obra literária que recuperou o episódio e contribuiu para dar-lhe um novo lugar na memória nacional. Cecília - uma das maiores poetas brasileiras -, por meio de versos narrativos imbuídos de seu estilo único, a um só tempo coloquial e altamente poético, dá voz aos fantasmas do passado. Preferindo os dramas humanos às discussões políticas, ela conta o que foi ouvido, sentido e pensado nas ruas e casas mineiras, e faz Vila Rica se universalizar e se eternizar. Trata-se, como diz a autora, de "uma história feita de coisas eternas e irredutíveis: de ouro, amor, liberdade, traições..."