Esta noite ou nunca é um título bem sugestivo para este belo romance, narrado em primeira pessoa, na voz gentil e levemente irônica de um roteirista de filmes eróticos. Apaixonado por uma atriz de seus filmes, o narrador (sobre)vive num emaranhado de caminhos meio escusos, na fímbria estreita entre marginalidade e pobreza. Nas esquinas do enredo, levado pela mão de mestre de Marcos Rey, o leitor navega pela cartografia de uma São Paulo impecável, povoada por personagens inesquecíveis, de quem se fica íntimo no virar das páginas e devorar a história.É neste cenário, focalizado a partir da janela de um apê do Minhocão paulistano, que se movimenta o narrador: espécie de pícaro no mundo das letras, ele tem em seu currículo, além de roteiros de cinema, novelas policiais assinadas como Willian Ken Taylor, nome cujo sotaque norte-americano é grife poderosa em histórias policiais que vendem tiragens astronômicas.Vender, pecado imperdoável: num país o país do romance, leitor desconfiado! que se divide entre os muitos que não leem, e os poucos que ditam modas culturais, a crítica bate pesado em livros que vendem e em filmes que dão bilheteria. Mas... sorte do leitor deste livro: do teclado da máquina de escrever, eterna companheira de seu narrador, nasce a certeza de que não só a vida vale a pena, mas que é nela que se nutre o artista. Indiferente ao mau humor de críticos e assemelhados, o escritor vai tecendo suas generosas doses de sonho e de esperança, que chegam a nós em histórias, em filmes e em novelas, como esta que vem encantando leitores em suas várias edições. Marcos Rey inspirou-se em sua própria vida para contar algumas histórias sobre um roteirista de filmes para adultos que vive no centro de São Paulo, com a janela aberta para o Minhocão. Pela rua do Triunfo, que abrigou o maior polo cinematográfico do país, desfilam personagens e cenários da década de 1970.Marcos Rey inspirou-se em sua própria vida para contar algumas histórias sobre um roteirista de filmes para adultos que vive no centro de São Paulo, com a janela aberta para o Minhocão. Pela rua do Triunfo, que abrigou o maior polo cinematográfico do país, desfilam personagens e cenários da década de 1970.