Vai ter coragem? A paradoxal existência da maternidade trabalhadora é resultado de uma pesquisa relacionada à experiência de mulheres mães com atividades de trabalho remuneradas. Após encontros com cinco mulheres, foi possível identificar pelos seus relatos e situações ao vivo as dificuldades de maternar, trabalhar, cuidar das atividades domésticas, manter um bom relacionamento conjugal e existir para além dessas demandas. Partindo de experiências pessoais em que a coragem para trabalhar e não atuar como mãe exclusivamente me foi questionada por diversas vezes, parti para a investigação formal desse fenômeno, esperando encontrar muita culpa e ressentimento no relato das participantes. Surpreendentemente, elas me revelaram uma realidade materna vivida com muito gosto e também desinteresse pela existência materna exclusiva. Indicaram um desejo pela manutenção das atividades remuneradas, sendo fonte de prazer e reconhecimento, ao mesmo tempo que desejavam estar mais tempo com os (...)