O narrador desta história, nunca nomeado, é um aspirante a escritor que se diz pouco imaginativo e está em busca de um enredo de ficção. Um dia ele recebe um estranho convite: Antônio, um antigo companheiro de trabalho na cinemateca, de quem não teve notícias durante anos, chama-o a sua cabana nos confins de um deserto gelado de um país estrangeiro, para que ouça de viva voz o relato de suas insólitas aventuras. Este é o ponto de partida de uma narrativa desconcertante, que se desenrola sempre na fronteira fluida entre o real e o delírio psicótico, seja este paranoico ou esquizofrênico. Ficamos sabendo que Antônio, vitimado por acessos de cegueira temporária, entra numa espiral de autoquestionamento e desequilíbrio ao sofrer uma sucessão de perdas: do emprego, da namorada, do pai viúvo.