Quando conheci Anna Rachel Machado, na década de 90, em Genebra, passamos muitos momentos juntos dialogando sobre as nossas pesquisas. Ela estava, naquele momento, em plena fase de elaboração da tese sobre o Diário de leituras, orientada por Jean-Paul Bronckart e Maria Cecília Camargo Magalhães. Lembro-me com nostalgia dos intercâmbios apaixonados entre nós sobre a análise do corpus inspirados no modelo genebrino e das sequências textuais de Jean-Michel Adam. [...] Este livro que tenho a honra de introduzir, coordenado por Geam Karlo-Gomes e Ermelinda Barricelli, mostra as repercussões na prática pedagógica e na pesquisa acadêmica do Diário de leituras. Anna Rachel Machado tinha razão em querer registrar as impressões pessoais do leitor e insistir sobre a importância do dispositivo didático. Era dever de justiça com ela reconhecer que o tempo lhe deu razão. Vou tratar neste prefácio de situar o Diário como um gênero reflexivo que combina a leitura estruturadora e crítica de textos com uma escrita dinâmica e reguladora de sentidos, de conhecimentos, de ações e de sentimentos.