Conheci Robert Desnos, poeta dos sonos hipnóticos, profeta do surrealismo, dormindo em uma fotografia no romance Nadja, de André Breton. Só depois vi seus olhos abertos no filme mudo A estrela do mar, de Man Ray. De seu primeiro livro, Rose Avida, traduzi literalmente trinta e três de seus trocadilhos telepáticos, inspirados na personagem dadaísta de Marcel Duchamp. Radialista experimental, é dele a letra do Lamento de Fantomas, musicado por Kurt Weill, que imaginei na voz de Antonin Artaud. Poeta do amor da estrela Yvonne George à sereia Youki Foujita, Desnos foi enfim poeta engajado durante a ocupação nazista de Paris. Jornalista, membro do grupo Agir da resistência francesa, foi preso pela Gestapo e enviado a diversos campos de concentração, onde escreveu as trinta Fábulas cantadas, aqui reunidas pela primeira vez em português.Conheci Robert Desnos, poeta dos sonos hipnóticos, profeta do surrealismo, dormindo em uma fotografia no romance Nadja, de André Breton. Só depois vi seus olhos abertos no filme mudo A estrela do mar, de Man Ray. De seu primeiro livro, Rose Avida, traduzi literalmente trinta e três de seus trocadilhos telepáticos, inspirados na personagem dadaísta de Marcel Duchamp. Radialista experimental, é dele a letra do “Lamento de Fantomas”, musicado por Kurt Weill, que imaginei na voz de Antonin Artaud. Poeta do amor — da estrela Yvonne George à sereia Youki Foujita —, Desnos foi enfim poeta engajado durante a ocupa- ção nazista de Paris. Jornalista, membro do grupo Agir da resistência francesa, foi preso pela Gestapo e enviado a diversos campos de concentração, onde escreveu as trinta Fábulas cantadas, aqui reunidas pela primeira vez em português. — Alexandre Barbosa de Souza