Você escreveu em O desconcerto do mundo um dos livros mais belos e mais fortes de nossas letras. Ele precisa ser traduzido para todas as línguas, a fim de mostrar lá fora que nós também somos dignos do Prêmio Nobel. Manuel Bandeira O título sugere uma obra de combate, mas este livro é antes uma meditação conduzida na companhia dos artistas que gemem sob o peso da vocação e queixam-se do mundo. Compõe-se de três ensaios: no primeiro, que dá à obra o título colhido na Lírica de Camões, Corção procura desvendar em que consiste o desconcerto de que tanto se queixa o poeta, e tenta fazer um paralelo entre a experiência poética e a mística, valendo-se principalmente da poesia de Camões. No segundo ensaio vêm diversos estudos de alguns aspectos das obras de Machado de Assis e Eça de Queirós, merecendo especial atenção a interpretação dada para o pessimismo e ceticismo de Machado. Na terceira, são os pintores que comparecem com seus problemas; o autor apresenta a sucessão de escolas, correntes, buscas, tentativas, como uma sucessão de manifestações que se completam e como uma Exposição Universal que se prepara para o dia do Juízo Final. Debaixo da diversidade de assuntos o leitor encontrará a unidade do problema central, que é a pungente interrogação que todos os artistas de todos os tempos põem em suas obras, cada um com seus recursos, e que Gauguin explicitou: “De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?.