Veja se agrada: uma poeta que pensa bastante em psicanálise (Tamara Kamenszain) disse uma vez que, pra um outro poeta (caso dela), o corte brutal do açougueiro atravessava qualquer embrião de poesia. Essa interrupção rápida solicitava dele uma segunda urgência: a publicação. Era quase um quebra-cabeça: Primero publicar, después escribir. Entre cortes e suturas, quando importa menos o elogio da obra e mais a cooperação do inconsciente, a gente pode encontrar um convite para repensar nossas heranças. Alguém pode querer ler nesse livrinho, por exemplo, alguns ensinamentos da escola das facas, desviando as linhas bem estabelecidas do desenho coletivo (uma caneta de Estado, patrilinear) por outras geografias do desejo, mais abertas à espiritualidade. A infraestrutura dos poemas mói canaviais, tecnologias, capitanias, formações. Passa adiante, também, a transmissão de práticas rituais. E uma simpatia ao cerimonial: A faca fica à direita. Agora outra leitura: os poemas aqui dentro (...)