Eu acho que o Henrique é Faltava só uma palavra, era o parto ao contrário, já tinha saído o corpo todo e faltava unicamente a cabeça da frase, o cérebro da frase, o complemento que dava o significado integral à frase e Rogério, como um carro que desaprendesse de arrancar à primeira, soluçava num martírio solitário as sílabas [], e Marta, do seu lado, esperava pelo fim da frase com os pés bem calcados no soalho do carro, com as mãos a agarrarem os estofos com a força possível, com todo o corpo eriçado como um gato a quem quisessem tirar da caixa no veterinário. O Henrique, Marta, eu acho que ele é autista.