As diversas falas, que deram origem ao livro aqui apresentado, foram agrupadas de maneira a desenhar uma cartografia diagramática das situações em que a arte e a política podem estar acionadas conceitualmente, seja em fricções, em tangências, enlaçamentos ou superposições.Na dobra das situações determinadas, quando a equação arte e política passou a ser tema e alvo de grandes mostras internacionais, direcionando projetos de curadoria, como os das últimas Documentas de Kassel, mas, também, de inúmeros seminários e publicações de história e teoria da arte, abre-se aqui a possibilidade de outras situações, empenhadas em processos reflexivos e críticos, criadores de pensamento.Se o tema vem servindo à renovação do sistema globalizado de arte, que recupera ações da vanguarda novecentista, muitas vezes mostrando a arte como representação da política, as situações aqui apresentadas ampliam e reverberam essa equação. Tais práticas e discursos, na contramão da produção e renovação da poderosa maquinaria globalizada da arte e da cultura, funcionam em condição política não como militância representativa, mas como agentes de uma experiência em que arte e política são parte de uma mesma tática reativa, que, mais apropriadamente, chamamos de micropolítica, porque envolvida em conexões com os movimentos anti-sistêmicos e dispersos.