Neste livro fascinante, James Lord descreve, dia após dia, as tardes de setembro de 1964 em que posou para Giacometti. O que era para ser um rápido esboço, acaba se tornando uma luta desesperada do artista para conseguir alcançar uma “percepção da realidade”. O escritor norte-americano nos transpõe, muitas vezes com humor, ao ateliê empoeirado recriando o clima das conversas que tinham, fazendo observações sobre a maneira como Giacometti pintava e descrevendo as transformações pelas quais o quadro ia passando. “– O que estou fazendo é um trabalho negativo – disse. – É preciso fazer desfazendo. Tudo está desaparecendo mais uma vez. É preciso ousar, dar a pincelada final que faz tudo desaparecer. – É uma ousadia que não lhe falta — observei. – Isso não é tão fácil quanto pode parecer – respondeu. – Algumas vezes, é muito tentador satisfazer-se com o que é fácil, sobretudo se as pessoas lhe dizem que você é bom.