Nem escravo nem senhor, o homem que nos tempos da escravidão nasceu livre, ou de algum modo "ascendeu" a essa condição, era um estigmatizado enquanto força de trabalho. E quando a Abolição aparece no horizonte, ele, que poderia ser empregado no lugar dos escravos nas lavouras, é preterido pelo imigrante europeu. Tudo porque, pelo menos para os fazendeiros, era considerado um vagabundo, indisciplinado e incompetente. Em Trabalho e vadiagem, Lúcio Kowarick estuda a formação do mercado de trabalho livre no Brasil, da época da escravidão até o início do século XX. Buscando captar no curso da história brasileira a origem da marginalização de vastos contingentes de nossa população, o livro é de uma surpreendente atualidade, levando-nos a detectar no tratamento da mão de obra de hoje as mesmas situações encontradas no passado.