Educadores à meia-luz examina a história dos investimentos dos professores paulistas, enquanto profissionais, no trabalho de organização e delimitação do espaço destinado ao debate de questões relativas ao ensino, nas duas primeiras décadas do século XX. Simultaneamente pretende contribuir para que se compreenda as características da argumentação tecida sobre as questões fundamentais do período, ou seja, o problema da organização dos serviços de ensino e os da formação e do trabalho dos professores. Com essa perspectiva estuda-se a atuação da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo - primeira entidade de defesa da categoria do magistério criada em 1901 - e sua iniciativa de manutenção de um periódico educacional, a Revista de Ensino. O estudo tem como suposição básica o reconhecimento de que a criação e manutenção de revistas pedagógicas manifestam-se como uma forma específica do processo de organização do campo educacional - entendido como o espaço que inclui a vida e os interesses de grupos profissionais, a elaboração e difusão de trabalhos que visam ao estabelecimento de formas legítimas de tratamento para as questões do âmbito educativo, as instituições escolares e os mecanismos criados para manter o campo em atividade. Desse modo, Educadores à meia-luz concorre para o fortalecimento de duas diretrizes de pesquisa que têm sido fortalecidas, nos últimos anos, no campo da história da educação no Brasil e em outros países: a análise da imprensa periódica educacional (revistas especializadas) e os estudos sócio-histórico da profissão docente.