Essa contextualização histórica da eletricidade no Brasil e a análise da legislação do setor elétrico, entre a década de 1930 e meados dos anos 1970, exemplificando com o histórico da energia elétrica no Paraná e a história da EELSA e do seu principal empreendimento hidrelétrico a Usina do Apucaraninha revelaram a ausência de qualquer tratativa na questão envolvendo hidrelétricas e povos indígenas. Tanto os atos legais da União e as próprias Constituições analisadas, quanto a política adotada pelo Estado do Paraná, não indicam qualquer menção aos indígenas da área utilizada para a construção e instalação da maior usina do norte do Paraná naquele período. Entretanto essa omissão não significou a ausência de relações entre os representantes da União, Estado do Paraná, EELSA, SPI e Comunidade Indígena do Apucarana. O histórico dos Kaingang da bacia do rio Tibagi, que será demonstrado no Volume II desta obra, é fundamental para entender as ações e os interesses de todos os sujeitos presentes naquele contexto histórico, possibilitando a compreensão da política indigenista e indígena, desenvolvidas a partir da presença do empreendimento hidrelétrico, construído pela EELSA, no Salto Apucaraninha, em território do Posto Indígena Apucarana. Este jogo de interesses será analisado no Volume III, dando enfoque ao protagonismo dos Kaingang.