Jorge Luis Borges disse que os livros são somente ocasiões para a poesia. Mas por que ler poesia atualmente? Se Platão excluiu os poetas da pólis porque os via como mentirosos, em tempos como o nosso, onde a mentira se instalou nas estruturas da realidade, nada mais necessário há que ler e viver a poesia. Em Dissonantes Imbricações, poemas “andamentos” formam sete cantos distribuídos em temas instigantes para o espírito contemporâneo. Alguns se dão em razão de um insuspeitado convívio com as cenas que a cidade proporciona; outros, segundo a perplexa contemplação do tempo e suas inúmeras imbricações; outros, ainda, conforme o alumbramento que germina do amor. Para além de uma anacrônica estampa da discórdia que há entre os sentidos, inquietante, certamente, é a natureza desses sentidos.