"Ensinar a viver" é um texto ousado de Edgar Morin. Depois de ter feito o todo do seu pensamento, em "O Método", ele o desfaz em partes que, holograficamente, repetem esse todo de maneira sintética, mas completa. O pensador defende o valor do erro - procura-se a Índia, descobre-se a América -, reitera a importância da incerteza e examina os dilemas da sala de sala num tempo de amplo desenvolvimento tecnológico, com o Google e a internet cumprindo a função de enciclopédias e permitindo a qualquer aluno contestar, em certas ocasiões, o saber do professor. Morin critica a deriva da universidade, que se deixa aprisionar por uma lógica do mercado: metas quantitativas e avaliações por superavaliadores que não se autoavaliam. Mais do que tudo, o teórico da complexidade propõe um retorno da filosofia à sua condição socrática (diálogo), aristotélica (organização de informações), platônica (questionamento das aparências) e pré-socrática (questionamento do mundo, inserção do conhecimento na cosmologia moderna).