São Paulo: verão-inverno, outono-primavera. Todas as estações do ano. Mas também todas as estações do metrô, do trem e os pontos de ônibus. Aqui reúno um conjunto de crônicas que desenham como um retrato as vivências no cotidiano da cidade. O observador no observatório de gentes, prédios e relações humanas. No concreto e asfalto que tomam uma cidade como Sampa encontro como amenizadores os assuntos que seus moradores diariamente relatam nas conversas que se espalham nas rodas que se formam nos locais públicos. Crônicas são canções sem nota musical e sem partituras, e só ganham melodia de música porque os escritos acabam sendo sonorizados pela imaginação das pessoas. O cantor e compositor Caetano Veloso escreveu: E quem vem de outro sonho feliz de cidade/Aprende depressa a chamar-te de realidade. São Paulo é vigorosa em elaborar personagens, e prodiga em inspirar bons relatos cheios de realidades diversas, conexas e desconexas. As crônicas que teci para este livro nasceram da observação do cotidiano da cidade onde os passantes com suas falas, gestos e pensamentos sobre o mundo escrevem uma cidade que ao mesmo tempo em que se mostra repelente é, na mesma proporção, acolhedora. As notas musicais da cidade são abertas à imaginação. O que fiz foi descrevê-las. Espero que as crônicas escritas por aqui, além de divertir, ajudem a pensar o que somos dentro da cidade.