Martin Heidegger e Hannah Arendt foram dois dos maiores filósofos do século XX. Conheceram-se na posição assimétrica de mestre e aluna, em 1924, em Marburg, ele com 35 anos e ela com 18. Depois do caudaloso encontro, do romance secreto e da paixão exaurida, a cada um restou seguir seu caminho. E foram caminhos bem diferentes, na filosofia e na vida. Arendt, judia, deixou a Alemanha e, após um duro périplo, radicou-se nos Estados Unidos, onde escreveu a maior parte de sua obra. Heidegger aderiu explicitamente aos motes ideológicos nazistas e ao cargo de reitor da Universidade de Freiburg, e mesmo que tenha sido por pouco tempo, tingiu a sua biografia com tintas até hoje ininteligíveis. Apesar dos graves desencontros na vida ou nas concepções filosóficas, que quando muito causaram períodos de interrupção na correspondência que se estendeu de 1925 a 1975, Hannah Arendt e Martin Heidegger, de maneira inédita, viveram uma fascinante relação de amor e admiração mútuos.