Detenho-me para sempre na terra perdida, no tempo ausente, no funeral eternamente encenado porque nunca existiu. Nos poemas e no conto que compõem o livro O aplauso partido ao meio, Luciana Ferreira nos faz prestar atenção ao tempo. De que é feito o agora? Resta algo além da repetição? São perguntas inspiradas em Walter Benjamin, um filósofo que desconfiava do estilo de escrita dos filósofos tradicionais e que ficou conhecido por ter nos contado que o anjo da história está de costas para o futuro, olha para o passado e enxerga ruínas. No livro, a leitora e o leitor reconhecerão o tempo como um ritmo que nos move entre uma e outra perda. No começo, um poema sobre uma fila: ela enxerga somente as costas de todos que aguardam a chegada no cemitério, mas continua lá, como se fosse uma fotografia. Outro poema, agora sobre um ídolo que apesar de morto continua sendo amado em seus filmes. A coruja branca que aparecerá depois não é como o ídolo, já que rejeita a fotografia será que a (...)