O romance começa estranho e definitivo: com a sinopse de um filme sobre o livro (quase) homônimo, A confissão de Lúcio, do português Mário de Sá-Carneiro. A estrutura narrativa se constrói a partir de pistas. O leitor vai mexendo nos papéis e descobrindo a trajetória do ficcionista nos pacotes, cartas, bilhetes, testemunhos avulsos. Narrado principalmente pelo jornalista e escritor Mauro Portela, grande amigo de Graumann, o livro é construído com um sutil e ao mesmo tempo ousado humor mozartiano que perpassa pelas risíveis reações oficiais da Academia Brasileira de Letras ao novo e autêntico imortal (ainda que morto), pelo trabalho de Mauro Portela como revisor do espólio literário de Graumann e pela vida pessoal e intelectual de ambos. Apesar de todos os segmentos que compõem o romance fotografarem microscopicamente cada detalhe, a vida cultural brasileira não é posta à margem e podemos ver Graumann este escritor para escritores - e sua obra interagindo com personagens reais citados, sem maiores pudores, por seus próprios nomes.