As nossas relações com o mundo vêm sendo pautadas pela mediação digital e pelos processos de midiatização dela decorrentes, e nela presentes, com visíveis impactos comportamentais e cognitivos. Olhares sobre nossos agoras reúne textos que buscam, pelo viés semiótico, analisar fenômenos do nosso cotidiano a partir de suas manifestações empíricas para que possamos ter pistas que nos ajudem a compreender, entre outras coisas, o nosso relacionamento com as máquinas, a compactação da temporalidade a um presente onipresente, os processos de produção de sentido no interior das organizações e delas com seus públicos, a presença da reticularidade que regula as relações entre as pessoas e as instituições, a imagem como reguladora da experiência, os novos regimes do visível e a percepção do real como o visível, a acessibilidade das pessoas cegas e com baixa visão a produtos audiovisuais por meio da audiodescrição. Todos esses objetos de análise são vistos por uma perspectiva teórica que procura imbricar a teoria semiótica de extração pragmaticista com achados da neurociência, com o pensamento complexo e o predomínio do que se convencionou chamar de razão sensível, isto é, o império da sensação como reguladora do comportamento contemporâneo, tanto no consumo quanto na política, no entretenimento ou na vida cotidiana. Esse mosaico midiatizado configura, não uma contemporaneidade uniforme e generalizada, mas um conjunto de presentes, vários agoras que se tocam e se interinseminam.