A constituição do “Império cristão” dependia de mecanismos repressivos e de agentes capacitados, virtuosos e cônscios das suas obrigações pastorais e disciplinadoras. Sensível a tais condições, o presente livro oferece ao leitor uma análise acurada da justiça eclesiástica, compreendendo-a como uma das principais promotoras de uma “sociedade confessional” em Minas Gerais, na segunda metade do século XVIII.A partir da investigação de uma impressionante gama documental Patrícia Ferreira dos Santos Silveira desvelada as mais intricadas relações da justiça eclesiástica e seus agentes com a sociedade e com os mecanismos e representantes seculares de controle e poder.Assim, para além de uma análise estritamente formal do juízo eclesiástico, este estudo oportuniza conhecer a fundo as diversas dimensões da justiça eclesiástica na sua atuação efetiva e na busca virtuosa, mas nem sempre exitosa, de conferir a cada qual o que era de direito.Entre a virtude e o vício, entre o perdão e vingança, no espaço aberto para a resolução dos conflitos, a justiça eclesiástica conduziria o rebanho de habitantes das Gerais pelo “caminho, a verdade e a vida”.