Durante quase quatro séculos o discurso científico pretendeu-se sinônimo de verdade singular e absoluta. O senso comum, contaminado pela mesma idéia, cunhou a afirmação 'é científico!' para expressar a verdade pretensamente inquestionável. Ao longo do século XX, contudo, os mais renomados cientistas questionaram a pretensão de verdade inatacável de seu próprio método, até chegarem a um entendimento diferente - a ciência é uma visão parcial do fenômeno estudado, impregnada pelas circunstâncias históricas e pelo olhar cientista. O segmento de produtos e serviços de atenção à saúde, no Brasil e no mundo, é um sistema complexo. Não por acaso, há tantas análises e posições diferentes, e não raro, antagônicas. Para entender a saúde no Brasil é necessário ampliar o foco de observação, ou seja, conhecer o discurso e as posições dos vários atores envolvidos, o Estado, os hospitais, as indústrias, as fontes pagadoras, entre outras. Este livro propõe-se a contribuir para ampliar o entendimento dos profissionais sobre o segmento, sejam esses executivos das organizações privadas ou públicas, ou pesquisadores ligados a instituição de ensino. O conjunto de artigos fornece respostas a questões que instigam os profissionais. Por que algumas vozes denunciam a crise na saúde, enquanto outras, anunciam novos investimentos? Quais as tendências na aparente tensão entre a medicina curativa 'hispotalocêntrica', e a prevenção e promoção de saúde? Por que as fontes pagadoras parecem ter reerguido a velha bandeira do movimento sanitário? Encontrar repostas, mesmo que provisórias, ajuda a tomar decisões acertadas na condução da gestão das organizações de saúde.