O divertimento criativo, o humor potencialmente crítico, as características do humor como subversivas ou até mesmo a suposta bondade do humor são questões que não constituem a exclusividade do fenômeno humorístico. Aprendemos com bergson (2007) que aprática mais sombria e menos admirada do risível está no cerne da vida social, pois garante que a sociedade cumpra hábitos e costumes de seu meio. O mergu-lho reiterado no caráter rebelde do humor faz com que, muitas vezes, tenham sido es-quecidos seus aspectos disciplinares. Uma longa tradição de estudos do humor segue a distinção entre o bom e o mau riso: o riso era festivo se zombava da autoridade, mas negativo se servia aos interesses de manter a ordem social. Notável na sociedade humorística é que, na atmosfera eufórica de bom humor, supostamente despretensioso, desenvoltamente positivo, há uma tendência ao apagamento das ambiguidades do discurso humorístico que dificilmente não se encon-tram nas fronteiras de ordem e caos.