Há diversas atitudes diante da presença de Deus em nós: podemos nos fechar e, assim, Deus se afogar em nosso mar de egoísmo. Podemos acolhê-la com carinho, mas não termos constância. Ela pode até crescer em nós, mas ser afogada pelas preocupações da vida. Só há uma maneira de crescermos verdadeiramente: deixar Deus trabalhar em nós. Precisamos aprender a nos situar, a interpretar as experiências interiores e a encontrar vias de crescimento. A função de um guia como livro é indicar onde está o que buscamos, explicar o que temos diante de nossos olhos, oferecer um amplo leque de possibilidades ou dados sobre um tema do qual o leitor vai se aproximando. Enfim, ser um instrumento de orientação num labirinto de informação. Guia da vida interior não é uma investigação rigorosa, exaustiva e erudita sobre teologia mística nem um catecismo de tudo o que deve saber e fazer um bom cristão em sua vida espiritual. Também não é um manual de instruções espirituais em que se explicam todas as técnicas e todos os passos que devem ser seguidos para alcançar uma vida mística. Tampouco é um livro de leitura edifi cante para animar os recém-evangelizados no caminho da fé. É uma descrição dos estados da alma produzidos quando o ser humano dialoga com o sobrenatural. É um Ponto de referência que ilumina o próprio processo espiritual. Precisamos comparar a experiência pessoal com o testemunho da tradição bíblica e Católica. Essa tradição nos oferece um repertório imprescindível de experiências para discernir nossa situação concreta.