Este livro propõe que alguns engenhos ou fantasias pirotécnicas na ficção de Murilo Rubião potencializam um horizonte de pensamento sobre a experiência do não senso (não significado). O não senso, assim como o senso, é sempre uma decisão pragmática talhada por um encontro entre leitor e texto, pois nada significa absolutamente em si e nada não significa absolutamente em si. Mas, enquanto o senso, filosoficamente, é uma entidade corporal produzida em alturas ou profundidades, o não senso, filosoficamente, é uma entidade incorporal fabricada em superfície. A possibilidade do não senso tem abrangência "transgenérica" - ainda que por vezes sua efetuação possa ocorrer em melhores circunstâncias no que se convencionou chamar, genericamente, "literatura nonsense", "literatura do absurdo" e mesmo "literatura fantástica".