Com uma insuspeita verve satírica, A Relíquia é um dos mais importantes romances do escritor português Eça de Queiroz. Realista do final do século XIX, Queiroz foi um dos mais importantes escritores da língua portuguesa, autor de livros como Os Maias e O Crime do Padre Amaro. Em A Relíquia (publicado originalmente no jornal brasileiro Gazeta de Notícias, em 1887 - há 120 anos), Queiroz une ironia a um profundo anticlericalismo para criticar o exacerbado catolicismo português. Clássico de literatura colegial, A Relíquia também está na lista de inúmeros vestibulares, da Unicamp à Universidade Federal do Maranhão. A história: Teodorico Raposo - ou ´´Raposão´´, para os íntimos - estudou direito na Universidade de Coimbra, mas passa boa parte do tempo ao lado de sua rica e carola tia Maria do Patrocínio, herdeira da fortuna de seu avô. ´´Titi´´, como é conhecida, é uma fervorosa beata católica que vive cercada por bajuladores sempre interessados em sua riqueza. O órfão Teodorico vive desde garoto sob os cuidados de sua tia (e constantemente aconselhado pelos amigos dela: ´´É preciso dizer sempre ´sim´ à Titi´´), mas leva uma vida dupla: se durante parte do dia passa horas ajoelhado rezando terços com sua tia, à noite volta a ser o libertino ´´Raposão´´, sempre acompanhado de bons vinhos e belas mulheres. Sempre tentando provar sua ´´santidade´´ à Titi, desconfiada que o rapaz é dado à ´´relaxações´´, Raposo vive enganado sua rigorosa tia, dizendo que noites de diversão na verdade seriam dedicadas à penitência cristã. Quando surge a oportunidade de ir à Terra Santa para cumprir uma peregrinação no lugar de Titi (já em idade avançada), Raposo não hesita e promete trazer de lá uma incrível relíquia religiosa - que, porém, será futuro motivo de discórdia.