Ruas, praças, escolas, poemas e barcos recebem seu nome. Antes mesmo de aprender a história da França conhecemos a sua. Suas imagens lendárias estão por todos os lados. Numa, camponesa, noutra, capitã. Numa, sentada com suas ovelhas, escutando o que Deus lhe ordena. Noutra, obedecendo-lhe, montada em um cavalo, feita comandante na guerra. Estranha capitã, que preferia seu estandarte à sua espada. Robert Bresson foi o primeiro cineasta no mundo que a ouviu e que filmou suas palavras. Pois se, antes de Bresson, Dreyer tinha tornado a Paixão de Joana universal, o cinematógrafo ainda era mudo. Eis porque, depois de um simples rufar de tambores evocando as vitórias militares a que deveu sua prisão, aparece escrito na tela, no início do filme: Joana d’Arc morreu em 30 de maio de 1431. Não teve sepultura e não temos nenhum retrato dela. Mas temos algo melhor que um retrato: suas palavras perante os juízes de Ruão.