Uma santa sem um dos pés, encontrada na beira de um rio, torna-se um elo entre o passado e o presente de Moçambique e seu povo, neste romance a um tempo lírico, cômico e evocativo, em que circulam personagens curiosos e cheios de espírito.Neste retrato poético, alegórico e crítico da Moçambique contemporânea, a imagem de uma santa católica que encanta e perturba todos que dela se aproximam é o centro de uma trama dividida em dois momentos históricos, ligados por questões étnicas, religiosas e de destino familiar. As relações de sincretismo religioso e o choque cultural estão presentes o tempo todo na narrativa. Mwadia ("canoa", na língua si-nhungwé), é a mulher que encontra a imagem e a personagem que liga esses dois momentos históricos. Como uma canoa que pudesse fazer a travessia entre passado e presente, entre Portugal, Índia e Moçambique, ela terá de encontrar um lugar para abrigar a imagem santa. E talvez, assim, localizar um outro pé, concreto ou metafórico, para essa sereia que une os povos da região.