A filosofia como saber autônomo, como sistema racional de consideração da totalidade do real, capaz de dar uma resposta racional aos problemas e conflitos humanos, teve em Hegel o último grande pensador sistemático, que se esforçou em tematizar a razão universal, absoluta, presente nas diversas dimensões dos mundos humano e natural. Em Hegel, o saber filosófico teve como tema de reflexão a Razão, que faz presente nas várias dimensões da realidade. De lá pra cá, a filosofia tem sido ou tem se comportado como um apêndice ou, melhor dizendo, como um discurso que prepara o terreno para o único saber tido como legítimo, porque capaz de controlar seu discurso sobre o real, pelo recurso àquilo que Habermas chamou de racionalidade procedimental. A única filosofia capaz de enfrentar o ambiente cético e relativista vivenciando hoje é a filosofia transcendental modificada a partir das duas reviravoltas que marcaram o século XX, a saber: as reviravoltas linguística e pragmática. Trata-se de compreender que a pergunta transcendental implica necessariamente a pergunta pela linguagem humana como condição de possibilidade e validade da compreensão intersubjetiva e estabelecer, a partir do nível atingido hoje pela reflexão epistemológica, o jogo de linguagem próprio à filosofia.