Os vestígios filosóficos da Revolução e o desaparecimento da liberdade política na perspectiva de Hannah Arendt Daner Hornich A revolução é uma experiência única na história, pois não nasce de teorias, nem de intervenções divinas, mas das ações dos homens. Na perspectiva de Hannah Arendt, é a instauração de um novo começo na história, de um novo sentido político para as atividades dos homens, que se reúnem e se organizam no espaço comum público com os outros homens, com os quais debatem, escolhem, decidem em conjunto o rumo e o significado do espaço público e do domínio político. A conjuntura do nosso tempo - internacional e nacional - nos convida a pensar e a demarcar a questão acerca do esquecimento da liberdade política, que circunscreve a desarticulação das populações nos espaços de governabilidade e de poder devido à centralização do Estado Moderno. O Estado se tornou burocrático e destinado a técnicos e a especialistas. Centraliza o poder pela força, pela violência e pelo mando, impondo aos homens modelos de governo - tirânico, despótico, autoritário e ditatorial - que não brotam da espontaneidade das ações dos homens em suas atividades em conjunto, mas dos processos burocráticos do Estado, dos partidos políticos e das atividades políticas tecnicistas e especializadas, que esvaziaram o espaço público e a participação popular das decisões políticas entre os homens.