O bicho-mãe acomete quase 3 milhões de mulheres no Brasil todos os anos. Algumas se planejam pra tal, outras são pegas de surpresa. Independentemente da forma como o processo de maternagem se dá, tornar-se bicho mãe é uma metamorfose kafkiana. Perdem-se as referências daquilo que se era e novas possibilidades são abertas o tempo todo. O bicho mãe (assim como o bicho-filho) não nasce aprendendo a morder. Ele só quer chorar, mas diferente do bichinho cria, é dito a ele que não pode, que adulto sabe o que tá fazendo. Grande balela! Pros bichos-mãe sensíveis demais, que jorram das tetas leite e lirismo, a poética dos dias (repetidos, limitados, encurtados, exaustivos) se fortalece nas descobertas de uma força inédita, no rompimento dos limites pré-estabelecidos, na criação de vínculo que, apesar de todos os pesares, é lindo e eterno. Talita é uma dessas artistas, mulher, mãe e bicho coruja e leoa que morde as palavras com destreza e entrega o cerne das problemáticas atuais acerca da (...)