Esta edição já está de acordo com a nova ortografia. Todo vestido de negro, com uma flor na lapela e, para ressaltar a palidez e a melancolia, o rosto coberto por pó de arroz. Era assim que muitas vezes Castro Alves declamava em público seus poemas. Muito jovem e eloquente, o poeta baiano tem sua poesia marcada pela identificação entre o ¿eu¿ da obra e o tema desenvolvido, projeta sua alma na causa abolicionista nos versos de ¿Os escravos¿. Embora na produção dessa fase o escritor ainda não tivesse desenvolvido o lirismo dos últimos anos de vida, nesses versos já é possível notar o seu talento e a sua sensibilidade. Ao mergulhar sua alma na causa abolicionista, Castro Alves se destaca entre os demais escritores que defendem esse ideal, passando a ser conhecido como ¿poeta dos escravos¿. Além do valor literário, é inegável o valor histórico e ideológico dos seus versos. Grande nome da terceira geração do Romantismo brasileiro, a Geração Condoreira, o tema de Castro Alves é a ansiada liberdade. Em ¿O navio negreiro¿, o poeta critica de forma cáustica a escravidão, um dos alicerces do Império. Já na berlinda entre Romantismo e Realismo, projeta seu ¿eu¿ nos versos que faz, identificando-se com o tema tratado, mas com o coração voltado para a crítica social, que seria a marca dos realistas. Os poemas reunidos neste livro pertencem à primeira fase de sua produção e foram publicados postumamente. Diz-se que o poeta ¿passou pela vida como uma estrela cadente: rápida e brilhantemente, marcando a memória das nossas letras com a luz de uma poesia quase adolescente, no ímpeto, e, ao mesmo tempo, madura, na mensagem¿.