Em seu consultório particular, onde atende crianças e pais há mais de três décadas, a psicanalista argentina Alba Flesler não vê os pequenos como seres imaturos. Para ela o objeto da psicanálise não é a criança, nem o adulto, nem a conduta, nem a personalidade do paciente e sim o sujeito - um sujeito que não tem idade, mas tempos. "Porque essa distinção entre crianças e adultos parece limitada, prefiro distinguir tempos do sujeito, que de forma alguma se reduzem à cronologia ou à idade", explica a autora. Esse modo de pensar a criança traz importantes consequências para a clínica, tanto na concepção do sintoma quanto no ato do analista. É o que Flesler mostra nesse livro, no qual detalha, por meio do relato de casos, o quanto as contribuições teóricas de Lacan foram decisivas para a prática psicanalítica com crianças. A autora reflete ainda sobre as potencialidades e os limites dos brinquedos e dos jogos apresentados aos pacientes durante as sessões e sobre o momento adequado para chamar os pais a dividir o divã com o filho.