Zito da Galileia vivenciou a história das Ligas Camponesas de dentro de casa, na condição de neto de Zezé da Galileia, seu histórico presidente, e nas andanças de rua, como menino de passeata. Aqui ele desenrola um fio de memória dos primeiros tempos aos dias de hoje no Engenho Galileia, que pode ser tomado como uma metáfora da irresolvida questão agrária no Brasil. Com viés acadêmico e analítico, existem publicados trabalhos de importância tratando das Ligas. Mas esta é uma narrativa marcada pela pulsação das artérias, mais próxima das memórias de campanha e das matérias dos correspondentes de guerra. O teatro de operações é o Engenho Galileia, ventre onde as Ligas foram geradas e de onde se irradiaram em Pernambuco. Em primeiro plano aparecem as lideranças locais, as abelhas-operárias que, fiando e tecendo, compõem os panos que servem para fazer a cobertura da barraca, a manta para a viagem, o lençol e a mortalha.