Uma das principais características do político Roberto Freire, a meu juízo, é a sua grande capacidade de entender o novo e, paralelamente, propor saídas para cada situação concreta, tal qual ela se apresenta diante de cada um de nós. Como muitos sabem, sou um poeta e não um dirigente político. Nunca tive essa ambição. Mas eu tenho, como qualquer cidadão brasileiro, independentemente de sua inserção social, responsabilidades diante de determinados acontecimentos que marcaram ou marcam a nossa vida pública. Ou seja, nunca me esquivei em assumir posições políticas, e acredito que o fiz em detrimento até de meu conforto pessoal e de minha família. Fui, com orgulho, militante do Partido Comunista Brasileiro, por vários anos, e, nessa condição, sempre me deparei com a dedicação e a honestidade de propósitos de alguns de seus maiores líderes. Homens como Giocondo Dias, Armênio Guedes e Gregório Bezerra, por exemplo, nunca vacilaram frente às adversidades, sabendo enfrentá-las com coragem e determinação admiráveis. Entre outros grandes militantes e dirigentes do PCB, com os quais convivi ou cuja carreira política pude acompanhar, eu apontaria o nome de Roberto Freire, cujo comportamento na campanha das Diretas Já, na batalha pela conquista da Anistia e no processo complexo e delicado de sua elaboração, na luta pela Constituinte e na redação da Carta Magna mais democrática da nossa história, tudo isso me assombrou. E havia uma razão para meu espanto: eu sentia que estava diante de uma liderança que tinha vindo para ficar. Mais: que essa liderança encarnava toda uma forma exemplar de fazer política, sem aventureirismos de qualquer natureza e com base na defesa intransigente dos interesses fundamentais da população brasileira. E foi o que aconteceu, de fato. Vale dizer, durante esses anos todos, Roberto Freire se tornaria uma voz constante - e extremamente lúcida - no panorama nacional, sempre apontando rumos e assimilando como poucos, a meu ver, o caráter das novas questões postas pela realidade objetiva. O livro que a Editora Barcarolla publica, em parceria com a Fundação Astrojildo Pereira, organizado pelo grande jornalista Milton Coelho da Graça, sai em boa hora. Em excelente hora, eu diria até. Pois o Brasil precisa, mais do que nunca, se inteirar de uma parte de sua história recente. Daí eu recomendar a leitura de uma obra que retrata a trajetória exemplar de um homem que vive de acordo com suas ideias e seus ideais, que pratica o que prega. O que eu poderia dizer mais? Isso, talvez: que Roberto Freire soube manter o equilíbrio entre as ideias que defende desde a juventude e, ao mesmo tempo, incorporar à sua visão de homem público as mudanças ocorridas no Brasil e no mundo, nessas últimas décadas. Acho isso louvável, pois, por vezes, é preciso mudar para se manter de fato coerente. Em tempos de tanta enganação e manipulação política, ler este livro é sem dúvida reconfortante, pois se trata de se conhecer melhor um combatente diário por democracia e pelas reformas de que o país necessita para não ser um gigante de pés de barro mas uma sociedade desenvolvida, em todos os aspectos e não apenas no econômico. Assim como um país de res pública e não res privada - como ele gosta de dizer - e um país sem as mazelas sociais e educado para ter uma postura ética. Boa leitura! Político antenado com o seu tempo e a sociedade em que vive, Roberto Freire vem sendo vigilante e atento fiscal da coisa pública e tem jogado toda a sua energia e inteligência não apenas para verberar contra os desmandos e ações negativas aos interesses da maioria, mas também, e sobretudo, para apontar caminhos novos por meio das imprescindíveis reformas que o país e os brasileiros tanto necessitam, para que não seja uma potência econômica com desenvolvimento humano precário, como hoje ocorre. O deputado federal Roberto Freire tem já longa experiência na vida pública, forjado nas lutas estudantis e no movimento social rural, colaborando no trabalho de organização de sindicatos de trabalhadores agrícolas em Pernambuco, ao lado do grande líder Gregório Bezerra, no período que antecedeu e imediatamente sucedeu o golpe militar de 1964. Em meio século de atividades ininterruptas, líder universitário, advogado e procurador do Incra, deputado estadual e federal, e senador da República, sem falar nas suas candidaturas a prefeito de Olinda e do Recife e a presidente da República, construiu a reputação de um homem combativo, sério, eticamente irreprovável e de um espírito republicano exemplar. Ele dá exemplo de ser possível se assumir posições políticas no decorrer do tempo, mesmo que seja em ambiente de sistemática turbulência, mantendo pedagógica coerência.